sábado, 24 de abril de 2010

Morre Macaco


Em um tempo onde mais nada acontece como deveria realmente acontecer, onde o que deveria acontecer era apenas a supressão de expectativas que um dia desenvolvi dentro de mim, que imaginei que seriam concretas no futuro distante ou próximo, mas que se tornaram distantes demais da realidade, pois são apenas fantasias.
A fila anda; o macaco pula a chuva cai; o macaco cai quando fica doente. É por esse ciclo que o ser humano passa, por vezes ele espera a chuva que nunca vem, mesmo no momento de maior estiagem, ele é um macaco novo, mas envelhece. O macaco um dia não agüenta mais segurar nas galhas, ele sucumbe a cair, ele quebra seus ossos; ele cai.
A chuva que um dia foi esperada ajudou o macaco a cair, com ela os galhos ficaram mais escorregadios, os animais selvagens da água apareceram no mangue e quando o macaco velho acha que sua velhice é suficiente para matá-lo vê que tem outros predadores mais vorazes que seus ossos.
Macaco velho, macaco novo, chuva ou sem a chuva; a questão não está no ser de agora, mas no o meio prepara para ele, a natureza pode realmente ser uma arca contra o macaco, mas o seu meio social é o que realmente pode matá-lo mais rapidamente por dentro, do que um jacaré que fica de fora esperando ele cair da galha.

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