segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Respeite o tempo


Nesses dias onde nada é mais ensolarado como aqueles outros que se foram na meninice da inocências; onde não se perdia tempo olhando para as estrelas, porque todas as noites havia a certeza que elas estariam apontadas sobre nossas cabeças, iluminando os meus pés imundos de sujeira vermelha. Gritava e sai correndo com grandes amigos, que mesmo pequenos tinham um valor incondicional, naquele tempo adulto nenhum tomava conta das nossas relações, fazíamos tudo ao contrário, se lhe era dito não quebre o telhado da vizinha, o prazer estava em correr com pedras, com os pés sujos e quebrar a terra, o que restava a vizinha? Olhar as estrelas que ainda tinham vivacidade; mas a vizinha não compartilhava do mesmo olhar de criança, então as estrelas que ela via eram embaçadas pela sua retina cansada e atenta a anos.
A Meninice foi se passando lentamente enquanto a tínhamos, não via a hora de crescer, mas era impossível com tanta inquietação dos grandes amigos, estamos sempre eufóricos a correr por todos os cantos, como se as coisas fossem fugir de nossas mãos, no fundo tínhamos a certeza que as coisas fugiriam, tínhamos certeza que nossas vistas se cansariam e que seriamos algo um dia de pedras em nosso telhado; que não veríamos mais as estrelas da mesma forma; que nossos pés estariam calçados com couro de arrogância. A única certeza da infância era saber que prosseguiríamos como os adultos, aquele estágio parecia muito pulsante ao mesmo tempo que foi-se eterno no tempo em que durou.
Ser criança é algo que poucos conseguem discernir ainda quando adulto, eles criticam as crianças como se fossem culpadas de tudo que se quebre, mas nunca olham para seu passado torpo. Olha que irônia, agora cuidam de seus telhados, não querem mais olhar para o céu, porque sabem que não verão da mesma forma; intrigante!
Mas como fugir da velhice querido adulto? Lembrando-se sempre que a velhice não está nas suas rugas e sua barba, ela está no respeitar o espaço das crianças, perceber que um dia você correu mais rápido que suas pernas podiam e caiu, estourou o joelho, tacou pedra, tendo certeza que seu amadurecimento não lhe daria a oportunidade de fazer o que um dia você pode. Aprenda uma coisa, aprenda sempre. Ser criança é aprender com os erros e respeitar os do alheio.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Ético?



Qual significado dessa palavra em um âmbito moderno? As discrepâncias relativas a esse termo são tão irrelevantes que hoje tornaram-se apenas de uso comum, em um campo ou vários campos de mediação e violência legitimadas, sua postura nada mais é que o do que um sufrágio do humano em sua condição mais social, suas relativas interações tornaram-se atos de dominação para qualquer sujeito que utilize-se dessa termologia para controle de um grupo.
Outurgar possibilidades da ética em espaço definidos anteriormente, estigmatizado por agentes dominantes, obedecidos por camadas “inferiores” o poder de tornar ético para respeitar o espaço do alheio nada mais é do que estipular, delimitar, marcar com linhas invisíveis aos olhos onde se deve andar e onde não se pode ultrapassar. A busca de uma sociedade perfeita pela ética é uma violência tão pragmática, despercebida, mas exigida pelos órgãos superiores que controlam as opiniões. Pode até evitar-se uma guerra sangrenta entre grupos por instantes, mas esse padrão de ética vivido hoje está corroendo as cadeias de relações humanas, como correntes desgastadas de um motor, uma ortodoxia paranoica em busca do silêncio para os “menores”.
Usada constantemente nos designos formalísticos de grandes acontecimentos pessoais e coletivos, a ética roubou a cena e a voz de muitos. Em cada campo, onde existem as violências intrinsicamente disponíveis para uso, abuso e formalização, pode-se rastrear os resquícios da ética em padrões comportamentais, sob colarinhos de gravatas que estão sufocados garganta abaixo para quebrar essas corrente enferrujadas, mas o padrão não pode ser quebrado por engravatados bem sucedidos, sua formação foi finalizada sob um juramento ético, que respeitaria o espaço do pobre para continuar sendo pobre, mas nunca limitou seus limites de riqueza, assim sendo, suas ambições foram fomentadas por um passar de óleo, evitando que as correntes se quebrem, nunca houve interesse da classe dominante em mudar o padrão ao qual jurou a ética.
Uma manifestação não pode ser ética se não for licenciada, registrada e liberada em espaço público, para esse mesmo não sinta-se agredido e não agrida o campo alheio, então vem a ética dentre os legítimos encargos governamentais para fundamentar uma pseudo-revolução de horas, satisfazendo os sujeitos engendrados no âmbito social e ao mesmo tempo esculachado por esse mesmo outro grupo que ignora sua presença, sua vida, sua existência. As revoluções mudaram de nome e estão camufladas em pequenos adereços rotineiros que podemos enxergar, suas distinções simbólicas foram controladas pelo campo, pois o mesmo campo que deu espaço para uma abertura, falsa liberdade, já havia predestinado que nem todos seriam seguidores da ordem.
Entradas e saídas estão controladas por homens e máquinas, mas o meio – o campo – já é cercado pela ética desde o primeiro instante, ela legitima a ordem atual e impossibilita uma mudança em qualquer que seja o setor, seus filhos são criados pela tradição e nada que possa ser feito, que não seja dentro do ESTADO – se é que exista a possibilidade de existe fora de algum estado legitimado pela ética – foi anteriormente pensado, conduzido para que você não pensasse, apenas agisse e consumisse.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Wikileaks


O contexto atual da sociedade que se diz tão democrática universalmente, portadora de liberdade incorruptível está sendo abalado pela hipocrisia midiática que não se pronuncia contra ou a favor do Wikileaks. O novo site que tem causado alvoroço nos meios diplomáticos, apáticos a tantas publicações em que a USA se mostra verdadeiramente corruptível as ações mais constrangedoras de intervenção em assuntos externos.
A tal diplomacia, politicamente tratada como por um jogo de assuntos relevantes para o pentágono foi contestada por alguns e ignoradas por outros – governos –, tamanha apatia pode ser considerada um retrocesso nas relações internacionais que está claramente abaladas, não agora isso pode ser visto, mas existe uma previsão para o sufrágio estadunidense para as relações com outros países futuramente. Roma foi um grande império, mas deixou apenas lembranças de seu poderio em relatos e construções, virou história.
As relações internacionais estão mais claramente balanceadas quando as empresas que deveriam receber fundos para ajudar o organizador do site Wikileaks, Julian Assange foram contrárias a qualquer tipo de depósito para os fins da empresa. VISA e MASTERCARD mostraram porque e quem são seus líderes, é justo continuar da forma que está, a cada dia essas empresas bancárias estão ricas, enquanto no Haiti as pessoas estão morrendo de fome. Mas quem liga para isso? É cômodo chegar na frente da TV e ver que sua vida é da forma que deve ser, o seu campo foi semeado com miséria de liberdade, e aquilo que a impressa se diz preocupada – informação – tem um CNPJ, é uma LTDA ou S.A., gera dinheiro e lucra.
Os governos continuaram apáticos à situação diplomática revelada, porque eles não tem nada mais a fazer a não ser o controle social – diga-se de passagem, bem feito. O Estado é dirigido pelas empresas que nele investem, enquanto o número de habitantes cresce a pobreza é divida com os países e não há nada a ser feito, além do pequeno assistencialismo ilógico que decompõem ainda mais a capacidade de pensar no FATO.
O Julian Assange está sendo claramente perseguido, como os alguns líderes congressistas afirmaram até mesmo a idéia de morte, e por onde anda a empresa? A Mesma que deveria apoiar o desprezo contra a liberdade de expressão de um jornalista? Bom, está ocupada demais contando os lucros sobre a divulgação de coisas pequenas e corriqueiras, falando de artistas que morrem e não constroem nada do que lhes foi pago para construir, uma imagem simbólica de nada com coisa alguma, mas que deve ser processado como algo importante.
O que há de novo para faz? Sabemos onde estão as armas, mas temos medo de levanta-la, é mais interessante que outros façam, amanhã o dia é tênue, temos trabalho, família para sustentar, deixem que outros administrem nossas vidas, que construam o nosso campo, apenas colhemos o que foi plantando, mesmo que o nosso corpo precise de novos alimentos.