quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Os seus sentimentos mais obscuros são frutos do seu meio
Suponhamos que hoje eu vá ao mercado e seja mal tratado por algum funcionário do mesmo, as reações a essa provação serão diferenciadas em cada ser humano, mas o ato de pensar será alinhando na mesma base; o de desejar fazer o mesmo com esse sujeito - mas isso não quer dizer que o desejo tomará conta da mente, pensemos. Digo isso pela seguinte disposição, se estamos engrenados em um círculo estruturalista de hierarquização, pensamos então ser superior a esse funcionário do mercado, pois aquele é seu campo de trabalho, por ser necessariamente classificado como individuo "inferior" naquele momento, pelo cargo que ocupa e por assim dizer 'nós' sermos uma fonte de lucro para empresa, estararíamos então - como clientes - em uma posição mais vantajosa. Por assim delimitar essas funções de campo de poder encontramos um pensamento único da base estruturalista capitalista.
Essa disposição de hierarquizar constantemente a condição do outro em comparação a nossa, nos torna tão o outro quanto nós mesmo, porque somente na medida em que observamos o outro que podemos nos classificar como diferenciados - superior ou inferior - seja como for. Seguindo então uma linha de raciocínio lógico, sem muito problematizar a questão da ofensa do funcionário podemos agir de diversas formas, mas isso já está emparelhado com o tipo de ambiente estamos condicionados; uma vingança nada mais é em casos de ofensa como a perturbação do ego, se a ofensa lhe é realmente verdadeira e atingiu a sua 'moral', é um bom sinal que ela não fora ofensa e sim uma colocação correta para alguma atitude anterior. Antes então de agir com impulso de seguir a mesma ofensa com outra devemos pensar em qual é o grau ela foi usada, se realmente ouvimos aquilo foi por algo merecido, em que algum momento mostramos o nosso ponto fraco.
A agressão moral então, pode ser vista como em um espaço de poder, onde existem disputas de colocação hierárquica, não somente no sentido econômico mas também no âmbito social. o As pessoas se agridem verbalmente de forma a buscarem um escudo de defesa e mesmo um patamar superior a agredida. Esse condicionante nos leva ao fato que, por mais impreciso que sejam as palavras aparentemente, sempre buscam alvos certeiros, mesmo que dissimulando as situações em parábolas imensas.
Esses sentimentos são frutos de uma cadeia pensante da estrutura capitalista, quanto mais alto for sua condição 'moral' e econômica demonstratada no cotidiano hierárquico, maior seria sua condição social de posse, essa posse que gera o campo de poder.
FONTES: BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. 1992.
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