quinta-feira, 12 de março de 2015

Muito Prazer, ainda não tive tempo de me apresentar, mas desculpe senão havia feito isso antes, estive sempre muito ocupado e preocupado com questões mais amplas, do que ficar falando de mim publicamente, sempre acreditei que minha vida não fosse de interesse de ninguém, mas como hoje tenho assumido uma postura pública, acredito que seja conveniente que todos conheçam de onde venham, para que não me façam julgamento de valor preconceituoso. Pois bem, sou o Leles Guilherme. O que algumas pessoas sabem de mim é referente as minhas criticas e as que eu recebo publicamente, por falar aquilo que eu acredito ser conveniente, no aspecto público a ser discutido. Mas tem uma parte da história que ainda não lhe foi apresentada....

Nasci em 1984, filho de uma digna senhora sempre trabalhou muito para não deixar que seus filhos caíssem no mundo da marginalidade, mesmo que fisicamente tenhamos vividos sobre essa referência social de morarmos em um bairro periférico, pelo baixo poder aquisitivo que minha família sempre teve. Isso porém não foi um problema para interferir naquilo que de mais digno foi ensinado, o respeito aos bons princípios coletivos.
Morador do Bairro de Vila Piloto desde 1989, sempre tive um carinho inegável por esse bairro e pelas pessoas que nele moram. Estudei aqui e compartilhei dos mais variados momentos nesse bairro desde a infância e por ser um bairro, onde as pessoas foram se construindo socialmente os laços aqui são muito íntimos, desde o atendente do mercadinho da esquina, ao dono da bicicletária, da oficina, dos moto-táxis, dos agentes de saúde, etc..., como é bom morar aqui.



Sempre estudei em escola pública, inicialmente na Escola Padre João Thomes, aqui do bairro e o Ensino Médio no JOMAP, quando também fazia curso de elétrica no SENAI. A vida não era fácil e nunca foi, andar de bicicleta por essas longas distâncias, quando eu poderia estar fazendo qualquer outra coisa mais divertida, mas eu conseguia me distrair no volêi junto com a galera da escola e mesmo do treino que fazíamos depois das seis da tarde. Mesmo assim, nunca desisti.

Passado o momento do colegial a responsabilidade de conseguir um emprego e entrar na vida adulta tomaram conta de mim, consegui um emprego como auxiliar de produção em uma fábrica de calçados, a duras penas de uma indicação e por lá permaneci por longos dezoito meses, de segunda à sábado, das cinco da manhã as duas e quarenta e oito, por um salário de duzentos e setenta e dois reais (R$ 272,00). No período noturno fiz cursinho na Escola Afonso Pena, por um ano, convicto que faria uma universidade pública. Nesses locais conheci pessoas maravilhosas e de lá trouxe uma experiência de vida, responsabilidade e trabalho que me acompanham até hoje, sobre a premissa de buscar ser sempre dar o melhor de si, independente do que esteja fazendo.

2006 ... Sai correndo cedo de casa em um dia chuvoso, logo pela manhã, fui na Lan-house de perto de casa, onde fazia uns bicos (além dos bicos que também fazia em salão), abri o site da COPEVE e lá estava meu nome na chamada do vestibular, APROVADO. Foi algo inacreditável, meu amigo Hudson estava de serviço (na lan-house) nesse dia e foi o primeiro a ver meus olhos cheios de lágrimas. Um sonho de alguém estudou em um escola pública, trabalhou duramente em uma indústria e conseguiu passar no vestibular a duras penas, mas esse era apenas o começo de uma luta.


 Aprendendo a Lutar por Direitos...


     .... [2006] A UFMS passa por um sério período no Campus de Três lagoas, professores se aposentando, sem contratações, sem concurso, as salas com infiltrações, documentos históricos mal acomodados. Essa realidade era geral, mas apenas alguns cursos de licenciatura na época se manifestaram em caminhadas do Campus I ao Campus II, porém o problema não poderia ser resolvido de Três Lagoas, então fomos a Campo Grande e lá passamos um mês acampados em barracas na frente da Reitoria, aguardando uma posição do Sr.Reitor Manoel Peró, vivendo de doação de outros alunos, o no uso de suas atribuições menos democráticas (o reitor), acusava professores de estarem por trás desse movimento, que era apenas de alunos em busca de direitos, uma pressão institucional, na verdade. Afinal, estávamos em busca de uma formação e nada mais justa que fosse de qualidade, pois bem, cobramos..... Dali saímos sem muitas expectativas, mas com algumas contratações posteriores. Posterior a isso a gestão administrativa do Campus em Campo Grande foi arrolada juntamente com a gestão do mesmo reitor em denúncias de improbidade administrativa, entre outros.

Não era fácil manter a rotina de um trabalho de manhã e estudar a noite, mas mesmo assim eu consegui com muito esforço, inicie atividade em um call-center, no qual aprendi mais ainda sobre a vida profissional. Recebi qualificações e promoções, viagens, responsabilidade e crescendo profissionalmente, longe de qualquer preconceito me mantive sempre respeitosamente com todos que cercam, seja trabalho, escola, locais públicos, meio familiar. Um momento interessante da minha vida.

Chegou um momento no último ano da universidade ouvi meu orientador de monografia dizendo "larga tudo desse trabalho e dedique-se apenas a universidade", sai com o coração partido daquela empresa, pelas pessoas, pelo trabalho, dedicação, pelo carisma e tudo mais que conquistei lá. Mas eu queria ser professor e ai segui em frente, me atolei de leituras naquele ano e quase não dormia. A minha formatura somente foi possível porque minha irmã do meio, que estava organizando a vida pra constituir uma família com seu atual esposo, me cedeu o dinheiro! Foi mágico...

Formado, vamos as aulas, pois bem, olha eu lá lecionando na Comunidade de Heliópolis (segunda maior comunidade da América latina), trabalhando a tarde em um banco para conseguir sobreviver naquela cidade louca, chamada São Paulo. Um ano foi o suficiente para eu perceber que minha cidade chama-se Três Lagoas, voltei a convite daquela empresa que tinha trabalhado no período de formação, lá novamente escalei alguns outros postos, até definitivamente ser barrado pelo gerente homofóbico que disse "não pegar bem um homossexual representando a empresa nos jogos industriais", fui demitido.... Isso foi um passado chato, mas não tenho como esconder.

Olha e voltando para a Sala de aula novamente, mas dessa vez em um Projeto do PROJOVEM, que me deu mais dor de cabeça, do que já tinha tido anteriormente. Lecionei em um presídio de segurança média nessa cidade (AMEIIIIII). É  um trabalho muito gratificante poder ajudar pessoas que necessitam dessa ajuda, dessa parcela de informação, chamada educação, integração, interação. Ao mesmo tempo em que fiz um disciplina no Mestrado em Geografia na UFMS, também.


Dai começa a ação .....


Esse Instituto que contratou os professores não pagou os mesmos e entrou em ação contra a prefeitura da cidade, estávamos sem receber e algumas série de denúncias foram feitas contra o executivo da cidade. Nesse momento de insatisfação local, vimos que também havia uma manifestação a nível nacional, o #VemPraRua que levou muita gente para discutir várias problemátcias. Cada um levantando sua bandeira e o consenso final fora a insatisfação popular com a gestão municipal, sobre reflexo das outas discussões que estavam sendo feitas a nível de Brasil.

Nessa interação, fomos dialogando com o pessoal da universidade e assim organizamos grupos para discussão. Levamos o negócio bem  a sério e sustentamos até onde deu. Em certo momento, quando olhei para os lados haviam apenas alguns poucos, a nível Brasil o movimento já estava mais brando, devido a intervenção de vândalos, que acabaram tirando o foco sobre as questões que poderia ser mais bem discutidas. Aqui em Três lagoas, acredito que esse movimento não tenha ganhado maior espaço, devido a um detalhe fundamental, nunca tivemos líderes nomeados nesse movimento, apenas vozes, que se levantaram alternadamente, acredito que por essas vozes estarem sempre em constante processo, alguns buscando proveito por causas que defendiam, outros apenas pelo prazer do tumulto, não tenhamos (todos os participante) tido maturidade para gerir essa grande interação de necessidades, que não poderiam ser atendidas, porque os grupos estavam muito dispersos.

Para mim, restaram apenas os processos que recebi nesse meio tempo, porque sem alternativa fui selecionado pelos presentes a ser o porta voz do grupo, para a imprensa, foi quando me intitularam líder do movimento, o que na verdade não ocorreu, pois como disse eram vozes. Me deram muitos adjetivos ridicularizantes nessa época, principalmente por parte de ALGUNS agentes da imprensa, aqueles que convenientemente foram contratados para corromper o grupo, nos constantes ataques diários. Tive medo em alguns momentos, quando recebi algumas ligações me orientando a parar de falar, mas de números que não eram identificáveis. Mas não abaixei minha cabeça, porque estavamos (e acredito que ainda estamos), vivendo um momento único no pós redemocratização do país, as pessoas estão falando, mesmo que confusamente, difusamente elas estão mais ligadas as questões públicas, o problema é que existe uma distorção entre informação e formação, no qual alguns conceitos básicos se perdem.

Após isso, fui convidado pela Vereadora do PSB a trabalhar em seu gabinete, para atribuições técnicas do trabalho do assessor, mas inicialmente não achei que fosse agradável, porque no ano anterior havíamos levado muitas criticas ao Poder Executivo, Legislativo e Judiciário, o que seria meio que incondizente da minha parte, trabalhar em um local que critiquei. Porém, pensando maduramente sobre essa idéia, resolvi aceitar o desafio no intuito de conhecer a estrutura de práticas do poder público, mesmo sabendo que receberia criticas. Em nenhum momento fui repelido pela minha fala, a ponto de ter sido censurado como assessor, pelo contrário, me sinto livre para fazer as objeções que achar necessário.

Não deu outra, entrando para trabalhar na Câmara Municipal, fui rapidamente questionado sobre essa minha nova postura pela imprensa e me lembro claramente a resposta que dei sobre o assunto "Acredito que a política seja um espaço de diálogo. Se hoje estou aqui é porque minha critica faz parte de um diálogo que pode ser aberto entre as Instituições e a população que deseja participar ativamente da vida pública e política. É um sinal de maturidade dessa Casa de Leis e mesmo da vereadora que tem um trajetória advinda do bairro, em conceber esse espaço de diálogo".



Não quero ser apenas um, quero ser um no meio de muitos. 
Mas precisamos que muitos outros se levantem e falem, gritem, façam suas vozes serem ouvidas!

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