quarta-feira, 13 de outubro de 2010

País laico?



É fascinante olhar um país como o Brasil, com proporções físicas, materiais e culturais grandiosas ainda estar ligado a laços tradicionais de religiões; as mesmas que mataram milhares de pessoas na época Agostiniana, as mesmas que levantaram espadas e sentenciaram povos em nome de um Deus que jamais viram, apenas sentiram – não estou aqui colocando as questões de fé, estou ponderando a realidade do ano de 2010, não do ano I Cristão.
Esses mesmos tradicionalistas que se julgam ideários para vida através de uma fé, hoje fomentam em nossa sociedade a busca de uma evangelização forçada perante a legislação, impedindo que as leis sejam adequadas à realidade atual, como se já não bastasse a nossa legislação defasa do século passado, ainda temos que suportar conceitos religiosos milenares e infundados cientificamente. A política é uma ciência, que tem seus senadores desde a Grécia Antiga, baseada na formação social, onde não existiam mandamentos escritos por homens – que segundo alguns foi inspirado por um ser superior.
Hoje esses mesmos mercenários de uma fé ocupam cargos políticos, em busca de leis conforme sua fé. Será que daqui alguns anos teremos Guerra Santa nos trópicos entre evangélicos e católicos? Por enquanto eles estão unidos contra leis fundamentais de suas crenças, onde mulheres que são estupradas não podem escolher em retirar o fruto de uma violência física e psicológica, sendo obrigadas a semear dentro de si, durante nove meses um ser concebido sob traumas e pesadelos. E mesmo assim ainda é considerado um pecado. Mas o que seria um pecado então, o ato do estupro em si ou a retirada de uma lembrança maldosa sobre o mesmo? Me explique Senhor de Deus!
Ainda temos a concepção da sexualidade dentro das igrejas. Ninguém que está fora dela – na sociedade – ocupando a posição de sujeito social, pagando impostos, vivendo dignamente conforme regem as leis que regem o Estado deveria se preocupar com as concepções religiosas, até então, mas os religiosos vem tomado posições importantes para preocupação da liberdade. Quando o Estado se diz laico e rompe os laços com as entidades religiosas, casando-se com os empresários capitalistas, a sociedade sente-se livre então dos dogmas mortíferos. Mas as igrejas estão voltando para o poder, talvez porque a prospera sociedade do bem estar – pensada e repensada na década de 40 pelos estadunidenses – não tenho dado muito certo, ainda existem pobres e miseráveis, então apenas um ato de fé seria capaz de mudar a sociedade, a esperança em algo que não se vê agora está representada por homens que tem pele e osso, sendo muito mais do que isso, são homens com ideais.
A preocupação para uma sociedade que um dia se dividiu do poder da igreja, agora ascende uma igreja muito mais divida, onde as concepções são comandadas em púlpitos, em que as os pobres mortais buscam a imortalidade; se achando cheios de certeza sobre o futuro. Então, o futuro da igreja que seria no céu – conforme seu livro base –, em uma vida posterior está sendo decidido no tempo presente. Estamos então vivendo um novo momento, o apocalipse social está chegando e cultivando os preconceitos tradicionalistas que nunca abandonaram a sociedade, passaram de pai para filho e hoje prosseguem na ignorância do não saber, de apenas apoiar-se em sentimentos abstratos.
Mas a ambivalência desse livro antigo, chamado de bíblia, incompreensível por completo, onde não existe um meio certo, onde vários escreveram e poucos provaram o que escreviam, mostra o livre arbítrio, o mesmo onde o homem tem a liberdade de pensar como quer, agir como quer, mas sempre consciente que existe um efeito sobre seus atos. Essa liberdade também está na constituição – mesmo que antiga – mal reformulada, os sujeitos são seres individuais que vivem em coletividade, o meu espaço é definido pelo espaço do outro. Qual a diferença entre um relacionamento homem e uma mulher, ou ainda entre sujeitos do mesmo sexo?
No livro dos religiosos a relação entre pessoas do mesmo sexo é repudiada, mas como alguém que se diz superior a qualquer forma material que vive sobre a terra, tem a capacidade definir padrões de relacionamento, sendo o mesmo sobre o afeto humano, compatível de liberdade? A qual livre arbítrio é esse que traz guerra, onde homens se definem como enviados de algo que nunca viram, mas sentiram? Se é uma liberdade em que a própria bíblia diz, então vamos punir conforme os dez mandamentos o que deve ser punido, mas o livre arbítrio é controlado por um Estado laico, não se esqueça disso. Lembre-se que essas mesmas religiões são constantemente acusadas de abusos físicos á milênios, quando maltratavam pessoas que diziam ser endemoniadas – como os indígenas do Brasil na época do estranhamento com os europeus. Esses mesmos religiosos hoje passam por escândalos mundiais de abuso de crianças, se anunciam gays publicamente e ainda dizem-se pregadores de Deus, mas o homossexualismo não é pecado?. Ou ainda, aqueles que trafegam as fronteiras nacionais com milhões de dólares doados por fiéis sem consentimento dos mesmos, lembram-se disso também? Não podemos esquecer, elegemos alguns deputados esse ano em vários estados, representantes direto dessa instituição, que tem CNPJ, mas não paga imposto, mas enriquece, tem gente fora do país gozando em nome de Seu Deus.
Não estou falando de pessoas que participam dessas instituições religiosas, mas estou falando especificamente delas – das instituições – é sobre elas que devemos repensar, pois elas no Vaticano silenciam-se quando tais fatos são apresentados, no Brasil a mesma instituição que levou milhões do seu bolso para fora do pais elege candidatos, pessoas que se dizem de Deus.
O Grande problema aqui não é Deus, mas os homens que se dizem dele e tentam privar, isolar sujeitos sociais. Quem de vocês não conhece um homossexual? Você acha que deveria cercear o direito dele ser feliz, por um grupo de homens que estão voltando para o poder, dizendo-se em nome de Deus homologadores da fé. As nossas diferenças são imensas, para isso vem à antropologia, uma ciência que discute as relações, os enfrentamentos. E até quando continuaremos com esse falso moralismo de achar que não existem homossexuais; que não existem mulheres estupradas em canto algum; que homens não matam homens brutalmente e não merecem por isso a pena de morte; que as igrejas continuam crescendo, porque não pagam impostos, elas recebem dez por cento do seu salário, porque Deus precisa de dinheiro? Para comprar um Corola ou colocar um Heliporto na igreja de Santo André? Deus precisa de material para descer nessa igreja? Precisa de um Heliporto? Que Deus é esse tão fraco? Esse Deus é Seu, querido falsário, o meu está sobre mim, perto de mim e não dentro das suas preces.
Parem de tentar adiar as leis, parem de tentar subir ao poder por força da fé, é ridículo senhores bispos, pastores, arcebispos essa continuação de suas atividades dentro da decisão de liberdade. O passado de suas instituições é negro, lavado com sangue e preconceito. O que vocês querem afinal? Viver de hipocrisia.
Pensem em quem votar esse ano, temos um segundo turno onde podemos discutir situações relevantes ou continuar fingindo que seu filho não é gay, que seu irmão não é gay, que seu vizinho não é gay, que sua filha um dia pode ser estuprada e carregar dentro de si o fruto desse episódio, ou ainda que seu pai pode ser esquartejado por um serial killer.

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