
Está ai uma duplicidade entre a realidade dos fatos. Individualização em consenso – ou em comum aceitação – torna-se alvo de exaltação ao estranho, estranho ver pessoas passando fome, mas ao mesmo tempo socialites fazendo festa para cachorro; estranho ver milhões de pessoas passando fome no mundo, mas os Estados Unidos investindo bilhões em armamentos todos os anos; estranho ver gente boa e ruim, ações boas e ruins.
O que figura a nossa realidade são as dicotomias, nos inserimos em contextos e vemos outros. De um mendigo que dorme na paulista e um executivo bem sucedido na mesma calçada, realidades tão aparentemente diferentes, mais imbricadas entre os extremos; dependentes umas da outras, o choque deixou de ser marca de estranhamento e passou a ser aceito no convívio – não que alguém tenha isso impregnado na sua ideologia, mas tudo não passa de um falso moralismo que expressamos.
O que realmente quero tratar nesse aspecto não são as diferenças, mas como elas podem ser aceitas e vangloriadas. Temos ‘ídolos’ em vários campos de atuação da sociedade, música, teatro, cinema, literatura, quanto mais enriquecedor é a cultura que tratamos, mais ela agrega. Só que os ‘nossos’ ídolos do presente estão a cada dia mais se distanciando da realidade humana, se divinizando, esquecendo dos seus ‘adoradores’, tornando-se mesquinhos e prepotentes – não que nunca tenham sido – sua própria condição de sujeito público já o torna dessa maneira.
Hoje estou abismado com o texto que li, uma cantora vestiu-se com carne para um Evento. Como tal pessoa pode esnobar a realidade da fome? A realidade do alimento que está sendo desperdiçado para extravazação do individualismo? Devemos realmente pensar o tipo de ‘ídolo’ que está colocando-se a nossa frente e perceber que existem choques inadmissíveis para a realidade humana, esquecer-se de quem passa fome por um mero capricho, pessoal.
O mais constrangedor é que os meios de informação, divulgarão a notícia tão normalmente, que não houve surpresa para o leitor, ou ainda para aqueles que acompanham a carreira de tal personagem. Temos que pensar antes de agir instintamente, ainda mais em tempos atuais, onde sujeitos fazem coisas absurdas para aparecer.
Num passado não muito distante as pessoas adoravam deuses, que tinham poderes e tal, e vendo esse tipo de ídolo hoje em dia eu não acho mais estranho os deuses de antes, pois eramos mais exigentes nesse sentido...
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