quarta-feira, 29 de setembro de 2010
NADA²
Coisas do coração.
O dia amanhece nublado, nada de muito diferente dos outros. Mas eu precisava falar com os meus amigos de verdade, aqueles que estão longe de mim. Pego o telefone, o tu-tu-tu do chamar logo restaura o fogo da felicidade, somente de ouvir algumas vozes.
Um dia eu tentei ser beatificado por mim mesmo, tentei um dia ser santo, somente sabendo que você existiu, para que pelo menos por uma vez você pudesse me pedir algo que ninguém nunca tenha lhe dado. Eu sempre te amei, por dias e meses, por horas e locais, nas bebedeiras da vida tentei que você me visse de forma diferente, no mais o que tive foi o olhar do amigo, enquanto dentro de mim batia uma tremedeira constante.
Quando me afastei por ironia do destino achei que nada mais seria como antes, que minhas possibilidades de um dia te ver – que assim reciprocamente você também o fizesse no olhar – foram desmanteladas pela distância. Percebendo então que não tinha mais possibilidade de te ter resolvi enfrentar tudo como algo realmente corriqueiro, passageiro, mas nunca mentiroso.
Dei-te conselhos, não porque eu queria; doía-me dizer a você “realmente precisa ser feliz, luta pelo o que você quer”, mesmo sabendo que eu não estava em suas metas; tão profundamente que eu precisava da minha loucura solitária, que eu me embriagava em um mundo alternativo – MA.
Hoje eu posso dizer que me sinto bem em saber que você está bem com os sentimentos, mesmo que não seja comigo, o meu amor compensa em te ver feliz, em te ver bem. Queria poder ter te dito isso anteriormente, mas o medo de perder sua presença como um símbolo de amizade me afligia mais ainda. Preferi ficar na platéia do espetáculo da sua vida, onde eu era o espectador, o contra-regra, um assessor; mas nunca consegui chegar ao patamar de diretor ou cúmplice de suas peripécias amorosas. Ah, como isso me doía.
O amor não acaba de uma hora para a outra, pelo contrário ele fica em uma ânfora fechada, escondida de tudo e de todos, mas impressionantemente ele ainda existe, mesmo que nessa ânfora não tenha ar; porque meu amor não precisa de ar, ele precisou apenas da sua presença, mesmo que fosse por um pequeno tempo, mesmo que fosse nas conversas corriqueiras e você nunca percebeu.
Estou feliz hoje em saber que você se encontrou, que não precisou de mim para lhe indicar o que realmente queria; quando dizia nunca, eu suspirava e olhar para o céu, como se tivesse perdido o cruzeiro no sul no leste. Estou mais feliz em saber que a vida é realmente uma bússola que ficou pulsando de um ponto norteador em um centro preconceituoso. Percebo que deve falar mais quando o coração manda, percebo ainda que isso é apenas problema singular, mas se tornou tão plural que não percebi, hoje vejo.
Lembra daquelas conversas com os amigos onde todos ouvem e falam o que sentem? Pense bem, sempre tive essas conversas com você, mas nunca consegui realmente te dizer o que eu sentia, porque eu choraria como uma criança, minha ânfora se abriria e o eu interior seria desvendado.
Queria tanto ter podido dizer; e minha vida ainda continua com “mas” depois da vírgula, buscando me explicar, buscando não ser tão fraco assim. Desculpa se te amo, mas isso eu não escolho.
NADA
Agora estou pensando em nada, porque em nada posso pensar sem me preocupar com o todo, já que o nada é a razão da inércia do pensamento, me torno o nada, mas nunca neutro a ele, porque nada é vazio, mas penso o nada e não sou ele. Assim sendo, tenho tênues motivos para dizer que mesmo pensando em nada, estou em algo – um espaço – que me foi colocado com imposição do físico, onde a arbitrariedade da permuta entre nada e espaço são continuas, necessária e por vezes sórdidas.
A solidificação do nada está representada pela ação que o pensamento me move a pensar ‘em nada’, justaposta ao silêncio do vazio, onde o nada ocupa espaço ao mesmo tempo em que o espaço é ocupado pela matéria; estando essa imóvel as ações e ao olhar, determino a neutralidade da escuridão que me cerca como ajuda incondicional para pensar ‘em nada’, em um relato sobre a escuridão vejo apenas os piques de pensamento transcenderem um após o outro.
Queria por vezes voar mais alto, pensar mais alto, compreender mais facilmente algumas colocações, mas quando me reparo com o contexto, seja qual for, tenho por mim uma interpretação fundamentada em vivência própria, até julgo por vezes esse ato como preconceituoso. Todos nós temos esse pensamento de precoce entendimento dos atos, fatos, assuntos por alguma análise inicial, cabe a nossa história humana pessoal coloca-lá da melhor maneira possível, para que não pareça ou transpareça ignorância.
Ficar pensando em nada então, nada mais é do que tentar não expressar um sentimento precoce sobre idéias ou ações humanas, um ato impossível a um sujeito social que está cercado de diferentes outras ações que lhe atacam constantemente, seja em um olhar ou uma conversa passageira do outro. Esse ‘nada’ pode querer um refugio do mundo, sem aparente explicação, mais com entonação decidida.
Nesse instante – particular – estou tentando em nada não pensar, mas foi apenas uma ilusão, estou realmente pensando em algo há algum tempo, mais queria fingir que isso não era pensado, então decidi falar sobre o nada, apenas para passar o tempo e refletir sobre outra coisa mais interessante, que as pessoas esquecem de fazer, mas passam horas fazendo sem perceber.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Tempo para Tudo
Eu tenho dois dias de vida, e isso parece ser tão rápido; vejo animais pequenos que passam na frente dos meus pés; ouço músicas que tocam meu coração e lembram um passado da meninice, onde eu ainda tina pureza até mesmo no olhar. Bons tempos que não voltam, aqueles tempos, onde poucos adultos poderiam se aproximar de mim, onde poucas pessoas poderiam me fazer mal, porque eu tinha um reduto, uma redoma que me protegia do mundo exterior, a era minha mãe.
Mas derrepente as coisas parecem que vão mudando aos poucos, a mãe tem que se afasta pouco a pouco da vida, da minha vida e vai me deixando viver cada instante, vou descobrindo como é andar de bicicleta, mas antes tenho que cair muito, as cicatrizes doem, eu sou persistente, mas não sei até onde vou conseguir agüentar tanta dor; não digo essa dor física mas a mental, que me deixa envergonhado dos tombos, queria não errar na juventude. Mas errei, como todos erraram, somente meus amigos e diários lembram das peripécias que vivi próximo a cada um, em cada história, em cada instante. Nunca me arrependerei de tudo o que eu fiz, nunca mesmo, porque graças aos meu tombos, minhas cicatrizes sou o homem que sou. Me tornei humano, não tanto egoísta quanto esses filantropistas de antiquário, que vomitam belas poesias e não tem coragem de sair para a realidade das ruas....
Hoje, sou adulto, tenho que agir como tal, quando é tão complicado ainda lembrar que a pouco fui um adolescente, quando as pessoas me olham na rua e pensam que ainda sou um adolescente, me tratam como tal, não vêem a maturidade dentro de mim, não valorizam isso. Queria ser eu mesmo um dia imortal, mas do que vale ser jovem a vida toda e não ter a maturidade para dizer “Eu faria tudo novamente, sei onde errei”, é suficiente.
Saber onde andar, onde pisar. Mas ainda é melhor, se machucar por onde anda, se sujar perto de onde pisa, porque somente quando se sofre se dá valor a realidade.
Tenho que ir agora dormir, porque amanhã é um novo dia, um novo tombo, uma nova pista, porque a vida não acaba na meninice, na adolescência, na juventude ou na velhice, a vida acaba quando deixamos de dar sentido a ela.
Amo tudo o que tenho, amo!
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Sujeitos individualizados ou individualista?
Está ai uma duplicidade entre a realidade dos fatos. Individualização em consenso – ou em comum aceitação – torna-se alvo de exaltação ao estranho, estranho ver pessoas passando fome, mas ao mesmo tempo socialites fazendo festa para cachorro; estranho ver milhões de pessoas passando fome no mundo, mas os Estados Unidos investindo bilhões em armamentos todos os anos; estranho ver gente boa e ruim, ações boas e ruins.
O que figura a nossa realidade são as dicotomias, nos inserimos em contextos e vemos outros. De um mendigo que dorme na paulista e um executivo bem sucedido na mesma calçada, realidades tão aparentemente diferentes, mais imbricadas entre os extremos; dependentes umas da outras, o choque deixou de ser marca de estranhamento e passou a ser aceito no convívio – não que alguém tenha isso impregnado na sua ideologia, mas tudo não passa de um falso moralismo que expressamos.
O que realmente quero tratar nesse aspecto não são as diferenças, mas como elas podem ser aceitas e vangloriadas. Temos ‘ídolos’ em vários campos de atuação da sociedade, música, teatro, cinema, literatura, quanto mais enriquecedor é a cultura que tratamos, mais ela agrega. Só que os ‘nossos’ ídolos do presente estão a cada dia mais se distanciando da realidade humana, se divinizando, esquecendo dos seus ‘adoradores’, tornando-se mesquinhos e prepotentes – não que nunca tenham sido – sua própria condição de sujeito público já o torna dessa maneira.
Hoje estou abismado com o texto que li, uma cantora vestiu-se com carne para um Evento. Como tal pessoa pode esnobar a realidade da fome? A realidade do alimento que está sendo desperdiçado para extravazação do individualismo? Devemos realmente pensar o tipo de ‘ídolo’ que está colocando-se a nossa frente e perceber que existem choques inadmissíveis para a realidade humana, esquecer-se de quem passa fome por um mero capricho, pessoal.
O mais constrangedor é que os meios de informação, divulgarão a notícia tão normalmente, que não houve surpresa para o leitor, ou ainda para aqueles que acompanham a carreira de tal personagem. Temos que pensar antes de agir instintamente, ainda mais em tempos atuais, onde sujeitos fazem coisas absurdas para aparecer.
Assinar:
Postagens (Atom)