quarta-feira, 14 de julho de 2010

s maravilhas não tem humanos.


Cada instante que olho para os lados vejo pessoas de esteriótipos tão diferenciados, mas com metas tão comuns, tão pessoais, tão singular e ao mesmo tempo diferente, individualista; enquanto seus filhos vão para o shopping, homens se amontoam próximo aos viadutos; enquanto você pensa no mais novo celular, tem alguém que não tem mais a quem ligar; enquanto você se apega aos fast-foods, outros se contentam em lutar com as pombas pelas migalhas; enquanto você se preocupa em como vai inventar uma mentira para o seu chefe da falta no sábado, outros imploram emprego; enquanto você se preocupa tanto com você, outros não tem mais sentido para preocupação. Porque tudo era mentira, porque se tornaram o dizimo do sofrimento, a parcela que deve sofrer para outros ostentarem, e ainda são chamados de marginais, possuem inúmeros adjetivos para sua existência – se assim posso conotar em adjetivo do que são chamados.
Cada dia de andança é um novo choque, me indigna ter um prato de comida todos os dias e ver outros que nada tem, ainda quando coloco isso para alguém me dizem “A vida é assim mesmo, sorte para uns, outros nem tanto”. Mas que maldita sorte é essa? A vida se tornou um jogo de fato, onde perdedores e ganhadores devem ter certeza da sua existência sem ao menos poder pestanejar? Seria eu então um perdedor que aceita o fracasso da miséria, o dizimo do pecado sem ao menos clamar á alguém, essa lei humana é feita por quem?
São muitas perguntas para poucas respostas, aliás, resposta alguma me foi dada por ninguém. Os clérigos assistencializam juntamente com os governos a situação com pequenos gestos, uma filantropia barata e midiática; a massa mal pensa em outra coisa além dos lançamentos que um dia foram da classe “A”; os teóricos muito falam e escrevem, mas se incluem na classe “A”, se vendem ou vendem sua produção para o controle mais estruturalista, nada é modificado. As propostas humanas realmente cessaram de discussões, o que nos resta agora é apenas viver dentro desse meio tão controlado pela água comprada, até o alimento que lhe serve de sustento – aquele mesmo que falta há muitos.
Mas a nossa preocupação humana de um dia vivermos em sociedade foi-se, hoje vivemos em comunidades, sejam pequenas ou grandes, mas vivemos. Creio que a primeira ação para tal necessidade – a vida em um meio social – veio para a proteção contra os males da natureza, mas criamos mais males quando juntamos mais sujeitos próximos, não porque é natureza do homem ser ruim, mas porque é natureza humana viver sozinho; quando se aglomera em pequenos espaços, define territórios, desconhece seu semelhante – o da mesma raça – cria um cachorro, um gato, um papagaio, mas não traz para si um igual.
E porque apenas priorizar o homem nessa concepção de individualismo? Existe muito mais além dos homo sapiens sapiens do que podemos imaginar. Via de fato, é quando o ser que respira, já rouba esse ar de outro ao seu lado. A usurpação é ato de todos os seres viventes, sobrevivem uns sobre os outros, vivem através da morte de outros, para alimentação, para ocupar um novo espaço na moradia destrói-se uma mata, elimina-se os animais silvestres ao redor.
Nada mais é a vida do que a existência sobre a destruição e a morte, a vida somente existe pois consiste-se sobre seu antônimo na própria afã de estar viva, quando na realidade ela morre a cada dia. A tal essência da vida é mais morta que o corpo que ocupa.

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