segunda-feira, 24 de maio de 2010

Lost - o que é real?



O homem sempre busca respostas rápidas para tudo o que acontece em sua vida, essa busca incessante traz a aflição diária. Hoje terminou Lost, uma série que não tinha começo nem fim, que ninguém imaginava um começo sem fim, uma nuvem preta, uma organização misteriosa na ilha, viagens no tempo, nada parecia realmente se encaixar até o episódio 16 da sexta temporada. Porque sempre estamos buscando uma resposta rápida para a nossa mente.
Essas realidades que se apresentaram na série, uma sempre vinculada a outra, mas sem um nexo lógico até então foram nada mais que experiências pessoais. Primeiramente quando o avião cai na ilha, todos estão mortos, mas nada os faz pensar que isso seja real; seguido de uma série de “fantasmas” de pessoas que estavam dentro avião sempre instigando a busca de respostas, mas não eram respostas coletivas e sim pessoais; a fumaça preta que aparece como algo ruim está sempre provando os novos habitantes da ilha, sem respostas corretas, sem tempos exatos todos se sentem perdidos, porque sempre buscaram a lógica humana das respostas na vida. Esse anacronismo da série fez com que vários telespectadores desistissem de assistir, alguns por não terem mais curiosidade outros por realmente não conseguirem encontrar um nexo. Mas para os mais afobados que se ludibriaram com cada temporada que parecia com uma resposta diferente esse encerramento foi fantástico.
Essa nossa ligação com o material, as nossas construções nos deixam sempre cegos para o nosso eu interior. Lost buscou retomar constantemente as histórias pessoais de cada um, mostrando seus dramas e medos, apenas o doutor Jack foi compreender o que realmente estava acontecendo no final. A morte aparentemente prematura de John Lock nada mais foi que a sua compreensão para a realidade que vivia – sempre se julgando fracassado familiarmente e depois fisicamente pelo seu acidente – quando a fumaça negra – do qual não temos designação de nome – tomou a forma de Lock, não havia nada mais haver com aquele mesmo Jonh Lock que estava na cadeira de rodas, o novo Lock – fumaça negra – nada mais era que um medo novo a ser enfrentado pelos “perdidos da ilha”.
Tirar um sujeito de um grupo e necessariamente dizer a ele que não está morto pode causar um senso de solidão espiritual, mas quando você faz isso com várias pessoas ao mesmo tempo a realidade parece tão fiel, que nem mesmo nós – telespectadores – podemos discernir o que é real ou fantasioso – conforme nossa humilde concepção de real. Isso foi um fator que predominou intensivamente em Lost. Todos os sobreviventes muito preocupados em sobreviver, sendo que já estavam mortos há tempos.
Outro fator interessante são os nomes dentro da caverna, eram todos os tripulantes do vôo 815, mas foram riscados, quando essa caverna é mostrada só existem alguns nomes, mas todos os outros já foram riscados, talvez porque já tenham cumprido a sua missão na terra; talvez ainda porque nunca realmente estivessem dentro daquele avião, porque não seriam eles a serem provados e sim os que achavam estar vivos.
Lost trouxe um pouco de cada pergunta para os telespectadores, mas essa condição de nos fazer pensar perdidos não demonstra necessariamente a realidade da ilha, seria um paradigma entre a nossa suposta realidade e o quanto estamos perdidos em nossas vidas, buscando apenas as questões matérias e nunca olhando para dentro do que realmente somos, entre essas e outras, considero Lost no seu final como algo que realmente vai deixar lembranças, pois pensamos sempre naqueles “sobreviventes” como tal, se soubéssemos que estavam mortos buscaríamos respostas rápidas que temos dessa condição de morte, atravessar paredes, interferir na vida de outros, mas nunca se ferir, sofre ou coisas do gênero.
A purgação então foi a carta nunca pensada nesse belo jogo de ideais que vão e vem, temos sempre uma concepção marcada para tudo, temos respostas para tudo e quando não as temos buscamos sempre colocar como uma suposição sobrenatural, com as nossas próprias ideologias. Lost vai deixar saudades, porque nenhuma série mexeu tanto com essa condição de realidade.

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