quarta-feira, 26 de maio de 2010
O maior vicio do homem é visto no outro.
Quando você vai em uma festa repara na roupa de alguém e comenta, pois seu gosto é diferente, seja um comentário bom ou ruim; quando você ouve um comentário sobre a personalidade de alguém, seja ele bom ou ruim; quando você se preocupa demais com as pessoas que te rodeiam em criticas, sejam elas construtivas ou desmoralizantes.
Duas formas de cominatórios estão sempre presas a nossa realidade. Essas análises rotineiras que fazemos sobre os sujeitos que nos cercam em mais diferentes meios sociais, nada mais são que reações que temos dentro de nós mesmos e não confrontamos com a realidade, seja a que gostaríamos de participar, ou seja ainda por um vicio que tentamos não aceitar.
Temos uma interação social muito relativa, mas sabemos apenas que somos, brancos, negros, asiáticos, nordestinos, homossexuais, enfim, não graças a nossa não condição de não sermos, mas na condição do sujeito – outro – que se apresenta a nós como sendo. Nada somos se não comparados com outros, tudo o que somos é graças a representação externa que temos dos outros sujeitos que estão ao nosso redor.
Essa compreensão antropológica não foi criada por mim, mas deve ser interiorizada constantemente. Quando, por exemplo, uma mulher fala para a outra que aquela é “fácil”, ela sistematicamente sem perceber está levantando um julgamento de aparências, mas acima da tudo algo que está ligado as suas origens, essa pessoa que aponta tem alguém dessa forma em sua família, é assim na sua outra face humana ou ainda gostaria de ser assim e não pode, pois o seu meio não permite.
As criticas desmoralizantes são invejosas e nada mais que ataques a nós mesmos, devido a tal circunstância o julgamento humano é confuso. Acontece também dentro da ciência, quando não temos uma resposta coesa buscamos a mais aproximada com a nossa pesquisa e com a nossa realidade, porque o homem é fruto de pesquisa científica.
Mas quando fazemos um comentário de crítica construtiva estamos buscando igualar o sujeito criticado com nós mesmo, exemplo, quando alguém passa e você diz “nossa que camisa bonita. Tenho uma parecida”. É comum ouvir esse comentário.
As boas palavras são difíceis de ser ouvidas, mas as ruins são fáceis, lembram os nossos vícios mais intrínsecos, as nossas dores mais profundas, nossos medos mais escondidos de nós mesmo. Talvez por isso seja fácil comentar sobre os vícios, porque elas são mais nossos que dos outros. Teria apenas algumas palavras para determinar um vício se fosse considerado apenas pelo termo de um dicionário, mas como toda a boa parábola da vida. Um vício nada mais é que algo arraigado na nossa moral.
As páginas de relacionamento está cobertas de vícios, quando dizemos as coisas que não gostamos, certamente já experimentamos de alguma forma, mas não admitimos, quando o negar é muito intenso perceba que existe algo por traz de tal negar. Quando uma foto é postada dentro de uma pagina de relacionamento, saiba que ela quer dizer algo, mas quando essa foto é postada propositalmente, saiba mais ainda, que essa foto diz algo por fora, essa foto tem amor ou ódio, tem alegria ou dor.
Nada mais no homem me surpreende, porque ele é viciado em si e desconta os vícios nos outros.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Lost - o que é real?
O homem sempre busca respostas rápidas para tudo o que acontece em sua vida, essa busca incessante traz a aflição diária. Hoje terminou Lost, uma série que não tinha começo nem fim, que ninguém imaginava um começo sem fim, uma nuvem preta, uma organização misteriosa na ilha, viagens no tempo, nada parecia realmente se encaixar até o episódio 16 da sexta temporada. Porque sempre estamos buscando uma resposta rápida para a nossa mente.
Essas realidades que se apresentaram na série, uma sempre vinculada a outra, mas sem um nexo lógico até então foram nada mais que experiências pessoais. Primeiramente quando o avião cai na ilha, todos estão mortos, mas nada os faz pensar que isso seja real; seguido de uma série de “fantasmas” de pessoas que estavam dentro avião sempre instigando a busca de respostas, mas não eram respostas coletivas e sim pessoais; a fumaça preta que aparece como algo ruim está sempre provando os novos habitantes da ilha, sem respostas corretas, sem tempos exatos todos se sentem perdidos, porque sempre buscaram a lógica humana das respostas na vida. Esse anacronismo da série fez com que vários telespectadores desistissem de assistir, alguns por não terem mais curiosidade outros por realmente não conseguirem encontrar um nexo. Mas para os mais afobados que se ludibriaram com cada temporada que parecia com uma resposta diferente esse encerramento foi fantástico.
Essa nossa ligação com o material, as nossas construções nos deixam sempre cegos para o nosso eu interior. Lost buscou retomar constantemente as histórias pessoais de cada um, mostrando seus dramas e medos, apenas o doutor Jack foi compreender o que realmente estava acontecendo no final. A morte aparentemente prematura de John Lock nada mais foi que a sua compreensão para a realidade que vivia – sempre se julgando fracassado familiarmente e depois fisicamente pelo seu acidente – quando a fumaça negra – do qual não temos designação de nome – tomou a forma de Lock, não havia nada mais haver com aquele mesmo Jonh Lock que estava na cadeira de rodas, o novo Lock – fumaça negra – nada mais era que um medo novo a ser enfrentado pelos “perdidos da ilha”.
Tirar um sujeito de um grupo e necessariamente dizer a ele que não está morto pode causar um senso de solidão espiritual, mas quando você faz isso com várias pessoas ao mesmo tempo a realidade parece tão fiel, que nem mesmo nós – telespectadores – podemos discernir o que é real ou fantasioso – conforme nossa humilde concepção de real. Isso foi um fator que predominou intensivamente em Lost. Todos os sobreviventes muito preocupados em sobreviver, sendo que já estavam mortos há tempos.
Outro fator interessante são os nomes dentro da caverna, eram todos os tripulantes do vôo 815, mas foram riscados, quando essa caverna é mostrada só existem alguns nomes, mas todos os outros já foram riscados, talvez porque já tenham cumprido a sua missão na terra; talvez ainda porque nunca realmente estivessem dentro daquele avião, porque não seriam eles a serem provados e sim os que achavam estar vivos.
Lost trouxe um pouco de cada pergunta para os telespectadores, mas essa condição de nos fazer pensar perdidos não demonstra necessariamente a realidade da ilha, seria um paradigma entre a nossa suposta realidade e o quanto estamos perdidos em nossas vidas, buscando apenas as questões matérias e nunca olhando para dentro do que realmente somos, entre essas e outras, considero Lost no seu final como algo que realmente vai deixar lembranças, pois pensamos sempre naqueles “sobreviventes” como tal, se soubéssemos que estavam mortos buscaríamos respostas rápidas que temos dessa condição de morte, atravessar paredes, interferir na vida de outros, mas nunca se ferir, sofre ou coisas do gênero.
A purgação então foi a carta nunca pensada nesse belo jogo de ideais que vão e vem, temos sempre uma concepção marcada para tudo, temos respostas para tudo e quando não as temos buscamos sempre colocar como uma suposição sobrenatural, com as nossas próprias ideologias. Lost vai deixar saudades, porque nenhuma série mexeu tanto com essa condição de realidade.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Parangaricotirimirruaro
Hoje tenho outra necessidade!
Se isso fosse realmente alguma novidade creio que não seriamos pós-modernos, podem nos colocar como fúteis, superfulos ou ainda serem consumidores, mas não tem nada melhor que descobrir que alguma coisa nova foi lançada, que a bolsa mais cara é modelo inédito, que o carro do ano pertence a você. No que isso te agrega? Materialmente muito, humanamente nada.
Pense da seguinte maneira, toda a vez que existe um artigo de luxo caríssimo em lançamento, quem detém poder econômico compra, que não tem critica e vê como algo supérfluo. Mas o que seria superfulo para alguns é necessário para outros, é sobre essa termologia que a democracia dos gostos e aquisição tentam superar as igualdades, seria realmente entediante viver em um mundo de idéias comunistas (podem me julgar os socialistas e comunistas, comunidades de tempos que ainda viram) mas a tendência da novidade abomina a igualdade, ela correi todas as produções de venda do homem que se baseiam em artigos de luxo, que tem seus derivados para as classes menos abastadas, e as menos que abastadas contentam-se com o admirar do novo nos outros sem ao menos poder possuí-lo.
Seja qual for a necessidade material que tenhamos ela está ligeiramente ligada a nosso meio, tanto pela apresentação de algum agente individual ou ainda pela produção midiática que foi criada em torno dele para tentar demonstrar sua necessidade frívola. É para isso que criamos o nome da chamada tendência, porque é particularmente a mais inovadora dentro do campo efêmero .
Citar o campo material como ausência de humanidade seria corriqueiro se não usar as palavras certas para definir a produção cultural que está engajada por trás, perceber que agentes das mais variadas camadas sociais estão envolvidos, e que nada é necessariamente é imposto, mais disposto o uso e desuso é algo individual, peculiar.
Nessa sociedade que se diz tão social, onde os julgamentos são paciveis de analise superficial, não há nada além do que os ignorantes podem ver, mas aqueles que pensam de forma humana compreendem que a exatidão do gosto está concentrada no meio, pelo meio.
Póstumo final, acredito no homem e toda a sua individualização é consagrada pelo desejo árduo do sujeito que se une e transforma-se.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Seja
Quando acordo de manhã logo me deparo com meu rosto, mais sincero e envelhecido; as marcas de expressão são conseqüência do meu passado, as impetuosas marcas que só aumentam e não dão sinal de saída, apenas progridem; os olhos já não são tão vivos e atentos, mas o sentimento de dever cumprido comigo mesmo é cada vez maior.
Temos as nossas falhas que muitas vezes tentamos esconder ou ainda omitir a nós mesmos, mas são todas conseqüências de uma atribulada passagem pela história pessoal chamada vida. Quando tudo parece tão fraco, quando as pessoas parecem tão simples logo elas se reúnem e tornam-se tão complexas, tão plurais. Os defeitos individuais ainda são escondidos na fala, tem-se a visão que demonstra para cada grupo, alguns se mostram fracos, outros nem tanto. Mas aqueles que envelhecem lembrando que um dia foram jovens, são aqueles que reconhecem seus defeitos, suas dores e aprendem que nem tudo é perfeito.
Tento por dias olhar para meu rosto e descobrir onde estava toda a minha juventude doida, todas as minhas histórias estão marcadas dentro de mim, algumas eu tento esconder de mim mesmo, outras eu tento nem mesmo demonstrar. Mas do que valeria minha vida se ignorasse meu passado? Se esquecer quem sou é ser outro, prefiro ficar comigo mesmo, saber o que estou e não somente o que sou.
Podendo ser várias coisas ao mesmo tempo no dia, podendo transparecer minhas qualidades e esconder meus defeitos eu ainda sei que sou para alguns, mas para mim eu nunca sou, apenas estou. Porque de fato, estar é bem mais belo da natureza humana. Estar é sentimento de sujeito pensante; ser é estável, imutável, impensável, portanto ignorante. Não admito que me apontem o dedo me dizendo o que sou, pois não sou nada além de mim mesmo, onde estou é apenas uma passagem, como estou também.
Enfim, o que importa mesmo é viver.... Vivendo bem consigo mesmo, sempre estaremos bem... Estar e não ser bem
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