domingo, 12 de dezembro de 2010

Ético?



Qual significado dessa palavra em um âmbito moderno? As discrepâncias relativas a esse termo são tão irrelevantes que hoje tornaram-se apenas de uso comum, em um campo ou vários campos de mediação e violência legitimadas, sua postura nada mais é que o do que um sufrágio do humano em sua condição mais social, suas relativas interações tornaram-se atos de dominação para qualquer sujeito que utilize-se dessa termologia para controle de um grupo.
Outurgar possibilidades da ética em espaço definidos anteriormente, estigmatizado por agentes dominantes, obedecidos por camadas “inferiores” o poder de tornar ético para respeitar o espaço do alheio nada mais é do que estipular, delimitar, marcar com linhas invisíveis aos olhos onde se deve andar e onde não se pode ultrapassar. A busca de uma sociedade perfeita pela ética é uma violência tão pragmática, despercebida, mas exigida pelos órgãos superiores que controlam as opiniões. Pode até evitar-se uma guerra sangrenta entre grupos por instantes, mas esse padrão de ética vivido hoje está corroendo as cadeias de relações humanas, como correntes desgastadas de um motor, uma ortodoxia paranoica em busca do silêncio para os “menores”.
Usada constantemente nos designos formalísticos de grandes acontecimentos pessoais e coletivos, a ética roubou a cena e a voz de muitos. Em cada campo, onde existem as violências intrinsicamente disponíveis para uso, abuso e formalização, pode-se rastrear os resquícios da ética em padrões comportamentais, sob colarinhos de gravatas que estão sufocados garganta abaixo para quebrar essas corrente enferrujadas, mas o padrão não pode ser quebrado por engravatados bem sucedidos, sua formação foi finalizada sob um juramento ético, que respeitaria o espaço do pobre para continuar sendo pobre, mas nunca limitou seus limites de riqueza, assim sendo, suas ambições foram fomentadas por um passar de óleo, evitando que as correntes se quebrem, nunca houve interesse da classe dominante em mudar o padrão ao qual jurou a ética.
Uma manifestação não pode ser ética se não for licenciada, registrada e liberada em espaço público, para esse mesmo não sinta-se agredido e não agrida o campo alheio, então vem a ética dentre os legítimos encargos governamentais para fundamentar uma pseudo-revolução de horas, satisfazendo os sujeitos engendrados no âmbito social e ao mesmo tempo esculachado por esse mesmo outro grupo que ignora sua presença, sua vida, sua existência. As revoluções mudaram de nome e estão camufladas em pequenos adereços rotineiros que podemos enxergar, suas distinções simbólicas foram controladas pelo campo, pois o mesmo campo que deu espaço para uma abertura, falsa liberdade, já havia predestinado que nem todos seriam seguidores da ordem.
Entradas e saídas estão controladas por homens e máquinas, mas o meio – o campo – já é cercado pela ética desde o primeiro instante, ela legitima a ordem atual e impossibilita uma mudança em qualquer que seja o setor, seus filhos são criados pela tradição e nada que possa ser feito, que não seja dentro do ESTADO – se é que exista a possibilidade de existe fora de algum estado legitimado pela ética – foi anteriormente pensado, conduzido para que você não pensasse, apenas agisse e consumisse.

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