domingo, 17 de abril de 2011

"Best Seller"


Hoje escrevo a você pequeno ser que ousa enfrentar a realidade de forma corajosa, que dignifica dentro de suas linhas apenas critérios imperceptíveis a olhos despreparados, nunca sendo realmente representativo em suas defesas por não conseguir configurar ou travestir sua obra de dominação, conforme lhe é proposta uma grande edição livreira. A mim nada cabe senão zombar de sua sinceridade, pois a ela dou apenas um prato de restos. Não me interessaria ver suas parafernália de palavras entrelaçadas em um contexto factual e nada consegue além dela.
Sua miséria foi imposta pela vicissitude do tempo. De que vale sua linguagem rebuscada e seus termos compelidos em manuais filosóficos, históricos ou literários (academicista), se nada mais leem os outros muitos que desconhecem sua formalidade, os conceitos do qual enche as notas de rodapé? Nem ao menos querem se preocupar em termos conceituais, e os poucos que o fazem ainda conseguiram passar de meros citadores de suas obras, objetivando a ascensão.
Digam-me aqueles legitimadores de linguagem, o que mais querem nesse mundo comprado o que mais dirão a diante para persuadir? Até que toda a idéia seja realmente envolvida em um grande tapete e jogada para fora da todas as casas, nada mais tenho além do medo em sentir aquele asco por tudo o que me foi oferecido quando menos entendido. Aquelas linhas entravadas de momentaneidade que são ditas constantemente e montadas sobre riquezas materiais, falando das fatalidades e de possíveis finais felizes. Oh, roubaram toda a essência da compreensão e o ser pequeno que para poucos escreve nunca tem seu valor antes da morte, reconhecido pelo número de experiências analíticas, baseadas em outras anteriores e tão pouco requisitada pela massa.
Alguns mediadores de ciência ainda conseguem enxergar em pequenas distribuições de livros a produção nacional, as teorias fundadas e pesquisadas, mas não existe obra lançada sem antes uma revisão por uma equipe. Tende-se uma outra grande questão, mesmo sendo a obra direcionada a academia, do que vale revisores especializados em obras anteriores para filtrar a linguagem do escrito? Seria esses compiladores de ideologias disfarçados ao acaso, fingindo ser colegas de trabalho?
O aparato irracional que permeia a sociedade chama-se “Best Seller”. Tolos são os expectadores que de nada fazem nessa obra a não ser apreciar uma realidade melindrosa e articulada para a venda. De pouco vale esse lixo social pairando pelas estantes em destaque ou em anúncios de ineditíssimos. São manuais de como ser e não ser, como fazer e não fazer, de finais felizes e infrutíferos, mas esse não é o problema, a questão toda está sobre a forma que esses textos periféricos são construídos, sem nenhuma fonte de inovação literária, nem mesmo um vestígio da antiga em estrutura, porque na verdade não são. Obra de lucro, obra de obreiro, aquele que trabalha em sua construção inspirando-se no valor material que irá lhe gerir até a produção de outra.
Estaria eu louco por tanta parafernália constitucionalizada que não posso enxergar beleza em tal tipo de sujeito, que vende-se (não sei claramente a custo de que, pois sua produção nada mais tem do que reprodutora) falando e pouco inovando, alterando os personagens que nada verdade parecem-se muito com outros educativos da idade média. Obras feitas para educar em padrões, alertar em moral, distanciar da escrita artística.

Nenhum comentário:

Postar um comentário