domingo, 24 de abril de 2011
PARE
“Seu Cristo é judeu. Seu carro é japonês. Sua pizza é italiana. Sua democracia é grega. Seu café é brasileiro. Seu feriado é turco. Seus algarismos, arábicos. Suas letras latinas. Só o seu vizinho é estrangeiro.” BAUMAN, Zygmunt. Identidade. Editora Zahar. São Paulo, página 33
Vou fazer um endosso à crítica que a minha foi atirada, pela referência do crítico. Em paralelo a sua realidade sócio-cultural levo em conta suas observações, se a mim forem dirigidas como construtivas, em caso oposto seria apenas picuinha. Graças a esse grande poder de percepção da diferença latente que foi encontrado, existo. Pense ao contrário senão houvesse a crítica a nada, seríamos igualmente visto e nunca notados.
Postergadas foram às experiências que me fizeram da forma que hoje estou, porque na verdade nunca fui e seremos nada, sempre estaremos e constante condição mutável de transição. Rotular o sujeito como ser em um sentido biológico, é similar em nossa cultura ao identificá-lo ao ser imutável, sou médico, por exemplo. Nenhuma condição é constante para a realidade humana, hoje posso ser médico, mas sou também pai, tio, motorista. E quando somos muitas coisas, uma certa carga de rótulos devemos preservar para a nossa condição moral de sermos reconhecidos.
O signo do ser é sua constância, nunca sua mutação. O ser humano usou todos os adjetos que a linguagem pode lhe proporcionar para qualificar ou desqualificar uma condição, adicionar uma ação contrária à outra. Ao condicionar um sujeito em delimitada função social, do qual aparenta não mais poder sair do rótulo por limitações em determinadas normas e regras de conduta que não podem ser quebradas, uma posição estanque lhe cabe.
Para contrariar o ser, o verbo estar dá maior flexibilidade ao ser humano, que não mais será e sim estará em condições divergentes para cada contexto social do qual participa. O arcabouço que articula tal idéia é representativo, estando mais ligado aos signos anteriores que em seus significantes que se estendem ao significado. Por um simulacro a realidade social, palavras são ditas para discursar perante as atitudes dos sujeitos, tornando-os limitados à condição de imposição, colocado pelo agente discursivo, aparentando até fidedignos incontestáveis os sujeitos.
A proeminência do verbo ser no discurso generaliza como um culturalista as pesquisas das áreas humanas, torna o sujeito menos subjetivo e menos inarbritrario as suas relações sociais, manipulando as ideologias e conceitos de o que é ser algo definido e estanque. Vejamos um exemplo; cada sociedade tem uma visão sobre um tipo de sujeito, porque ele foi caracterizado por definições estruturadas anteriormente a sua existência, advinda de um conceito moral e tradicionalista, pode ser ele reformado e reformulado para o seu tempo, mas nunca deixará sem suas raízes afirmativas, contextadas ou não. Seu histórico formalista passa por um processo até chegar a tempos presentes.
O feio, somente é feio pelas características da feiúra e não pela sua existência da mesma em um determinado indivíduo, uma série de aspectos que determinam à feiúra são demarcados por um sujeito ou por um grupo de sujeitos que a querem contrastar com a beleza que julgam. Não existiria a possibilidade de segregar a feiúra da beleza, pois uma independe da outra, os antônimos são construídos no discurso e modelados para designar as características dos sujeitos, o que limitaria que o feio tem certos aspectos que o belo não tem, fazendo-se então somente feio está no discurso descritivo.
Portanto, as definições ao qual o sujeito passa a vida toda buscando ter com seus títulos, nada mais são do que acontecimentos que ficaram em um passando, estando ele agora em outra realidade que não pode ignorar sua história, mas também não pode apenas viver dela, a continuidade é parte da existência humana e sua construção deve ser baseada não somente em experiências pessoais, mas em reflexões anteriores a sua existência.
O que nos fazemos ao rotular determinado sujeito é enquadrá-lo para melhor significação pessoal, apenas por estética e fetichismo, então os nossos vizinhos não são mais diferentes do que nós, em sua visão de mundo também temos características dissimulatórias que nos aproximam e nos espantam.
PS: não estou buscando compreensão alguma sobre minhas reflexões, portanto seus comentários serão considerados anacrônicos a meu posicionamento!
domingo, 17 de abril de 2011
"Best Seller"
Hoje escrevo a você pequeno ser que ousa enfrentar a realidade de forma corajosa, que dignifica dentro de suas linhas apenas critérios imperceptíveis a olhos despreparados, nunca sendo realmente representativo em suas defesas por não conseguir configurar ou travestir sua obra de dominação, conforme lhe é proposta uma grande edição livreira. A mim nada cabe senão zombar de sua sinceridade, pois a ela dou apenas um prato de restos. Não me interessaria ver suas parafernália de palavras entrelaçadas em um contexto factual e nada consegue além dela.
Sua miséria foi imposta pela vicissitude do tempo. De que vale sua linguagem rebuscada e seus termos compelidos em manuais filosóficos, históricos ou literários (academicista), se nada mais leem os outros muitos que desconhecem sua formalidade, os conceitos do qual enche as notas de rodapé? Nem ao menos querem se preocupar em termos conceituais, e os poucos que o fazem ainda conseguiram passar de meros citadores de suas obras, objetivando a ascensão.
Digam-me aqueles legitimadores de linguagem, o que mais querem nesse mundo comprado o que mais dirão a diante para persuadir? Até que toda a idéia seja realmente envolvida em um grande tapete e jogada para fora da todas as casas, nada mais tenho além do medo em sentir aquele asco por tudo o que me foi oferecido quando menos entendido. Aquelas linhas entravadas de momentaneidade que são ditas constantemente e montadas sobre riquezas materiais, falando das fatalidades e de possíveis finais felizes. Oh, roubaram toda a essência da compreensão e o ser pequeno que para poucos escreve nunca tem seu valor antes da morte, reconhecido pelo número de experiências analíticas, baseadas em outras anteriores e tão pouco requisitada pela massa.
Alguns mediadores de ciência ainda conseguem enxergar em pequenas distribuições de livros a produção nacional, as teorias fundadas e pesquisadas, mas não existe obra lançada sem antes uma revisão por uma equipe. Tende-se uma outra grande questão, mesmo sendo a obra direcionada a academia, do que vale revisores especializados em obras anteriores para filtrar a linguagem do escrito? Seria esses compiladores de ideologias disfarçados ao acaso, fingindo ser colegas de trabalho?
O aparato irracional que permeia a sociedade chama-se “Best Seller”. Tolos são os expectadores que de nada fazem nessa obra a não ser apreciar uma realidade melindrosa e articulada para a venda. De pouco vale esse lixo social pairando pelas estantes em destaque ou em anúncios de ineditíssimos. São manuais de como ser e não ser, como fazer e não fazer, de finais felizes e infrutíferos, mas esse não é o problema, a questão toda está sobre a forma que esses textos periféricos são construídos, sem nenhuma fonte de inovação literária, nem mesmo um vestígio da antiga em estrutura, porque na verdade não são. Obra de lucro, obra de obreiro, aquele que trabalha em sua construção inspirando-se no valor material que irá lhe gerir até a produção de outra.
Estaria eu louco por tanta parafernália constitucionalizada que não posso enxergar beleza em tal tipo de sujeito, que vende-se (não sei claramente a custo de que, pois sua produção nada mais tem do que reprodutora) falando e pouco inovando, alterando os personagens que nada verdade parecem-se muito com outros educativos da idade média. Obras feitas para educar em padrões, alertar em moral, distanciar da escrita artística.
sábado, 16 de abril de 2011
Na epiderme
Tentativas frustadas de encontrar a felicidade em lugares onde no máximo pode alcançar uma imitação de felicidade, sendo ela mesma tão mentirosa que apenas tampa a infelicidade da busca, como um grande espaço de letras vagas que buscam respostas variadas por várias interpretações. E por aí você anda e cria, vive e revive situações e momento. Amanhã quando acordar vai perceber que as coisas mudaram pouco, o efêmero momento foi degustado com duas doses e algumas cervejas.
Bendita depressão, aquela que lhe coloca no colo e nina com músicas, aquelas mesmas ouvidas na noite que se passou em que você diluiu gelo e limão com seu suco gástrico, e depois de toda a encenação da felicidade a única coisa que lhe resta e parar e continuar seguindo mesmo caminho, onde és infeliz em cinco dias da semana e se contenta com as falsetas ou ainda posso colocar como facetas da felicidade? Defina como quiser, não haverá compreensão em tamanha subjetividade, seres complexos.
Houve uma grande avaria na sua interpretação de mundo, sua realidade foi tomada pelo trabalho e os seus fins de semana sobre o esquecimento dele, mas isso seria apenas um pequeno grão de areia em seus olhos, olhe quanta terra ainda tem que tirar dos seus pés quando seus olhos pararem de arder, e quanto mais limpa com as mãos sujas menos lágrimas achará que tem.
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