quarta-feira, 9 de março de 2011

Inspiração ou cópia?


O que seria necessariamente inspiração dentro de um contexto frívolo? Certo que o sêmen da frivolidade, tendo em vista que a inspiração (em sentindo orgânico) se dá em instantes, assim como a expiração por seguinte, considerar no campo das efemeridades da moda a necessidade de sempre alternar a expiração com a inspiração, lembrando o quanto são rápidas e passageiras.
Fazer uso de inspiração para criar a tendência é pensar em um conjunto de estruturas que possam dar um novo significado as estruturas já existentes sobre o olhar do criador, como Niemayer fez em seus projetos edificadores; como Coco Channel pela luta da simplificação dos movimentos; ou ainda como Picasso que “picotilhava” o objeto em pequenos fragmentos que sustentavam a forma final de seus quadros.
Não existe diferença entre escrever sobre algo e inspirar-se para qualquer coisa, uma composição inspirada é remetida pelas simples lembranças. Quando o criador termina sua peça logo vem a pergunta dos jornalistas que tendência é essa? De onde saiu a inspiração para criar? O porquê dessas perguntas vem de uma resposta óbvia, o homem não consegue permanecer sem respostas para sua própria criação. Porque da Guerra? Para uma pergunta sempre é exigida uma resposta.
Pense agora se você criar algo e não quiser dizer por que criou e qual sua utilidade, tudo bem, mas a sua inspiração deve “SER” naquele instante o foco da necessidade, ali agirá a venda para o mercado [porque os que fazem as perguntas já legitimaram por compra dos investidores seus lucros futuros, de acordo com o merchandising pago].
Infelizmente o homem deixou de produzir arte por prazer, deixou de desenhar, escrever, modelar, costurar, todas essas coisas foram vendidas ao trabalho. A arte é lançada com o ar prestigioso de um divino inacessível à plebe, a arte ignorou seus mantenedores primários (a classe trabalhadora) e assentou ao lado da luxúria; a arte cegou-se. E agora me pergunto, pois, de onde vem a inspiração? Da natureza mórbida de Firenze? Das dunas do Maranhão? Do Alpes Andinos? Ela vem de qualquer lugar onde pode ser vendida.
O que um dia foi expirado e depois concedido como expiração pelo advento da inspiração, foi construído tão rapidamente quanto um castelo de cédulas que teme a chegada do ventos nórdicos. Um pano em branco, uma tela em branco, uma mente construindo que paupeia sobre os objetos novas formas, o trabalho humano mais glorificado como digno de santuário foi vendido a poucos. E hoje, o que mais nos inspira são a pobreza e a fome.

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